Com o objetivo de dialogar com a comunidade do Guará sobre a reocupação do Parque Ecológico Ezechias Heringer – que tem passado por ação do governo de Brasília deretomada de área pública -, o Instituto Brasília Ambiental (IBRAM) realizou, nessa segunda-feira (19), uma reunião pública com moradores, empresários, líderes comunitários e representantes de entidades e órgãos públicos.
“Estamos construindo uma agenda para a retomada do parque. Ter a possibilidade de uma biodiversidade preservada é um privilégio para a comunidade e por isso é preciso que o Guará abrace a unidade”, explicou durante o evento a presidente do Instituto, Jane Villas Bôas.
Na ocasião, o IBRAM apresentou as ferramentas para a gestão da unidade, como a construção do plano de manejo, além de propostas de projetos de infraestrutura, de educação ambiental e da criação de um conselho gestor. “Nosso objetivo é fazer uma administração de forma compartilhada com a comunidade”, comentou a superintendente de Áreas Protegidas do órgão, Tânia Aparecida Silva Brito.
Um dos projetos previsto para o parque é o Memorial Ezechias Heringer. Apresentado durante a reunião pela filha do agrônomo, Ana Júlia Heringer, o local irá guardar grande parte do acervo deixado pelo pesquisador. “Esse será um resgate não só da memória natural de Brasília, mas também do bioma cerrado, considerando o importante trabalho desenvolvido pelo meu pai”, explicou Ana Júlia Heringer.
O evento foi realizado na Administração Regional do Guará e contou com a presença do secretário de Meio Ambiente, André Lima; o administrador do Guará, André Brandão; o deputado distrital Rodrigo Delmasso; o assessor Tiago Monteiro Tavares, representando o deputado Chico leite; líderes comunitários; representantes de escolas e empresas locais; além de moradores da região.
Novos encontros serão realizados ao longo deste ano para dar sequência ao trabalho.
Educação ambiental
Entre os projetos que serão desenvolvidos está o de educação ambiental. De acordo com o responsável pela Coordenação de Educação Ambiental do IBRAM, Luiz Gatto, a ideia é adaptar às necessidades locais uma metodologia de sucesso utilizada na região da Granja do Ipê.
“A ideia é construir um trabalho envolvendo as escolas e a comunidade em geral de forma a despertar a consciência ambiental e motivar o engajamento de todos na defesa do parque”, afirma Gatto.
Parque Ecológico Ezechias Heringer
O Parque Ecológico Ezechias Heringer, também conhecido como Parque do Guará, está localizado na QE 23, Área Especial do Guará II. Recebeu o nome em homenagem ao pesquisador que identificou diversas espécies de orquídeas em todo o território do Distrito Federal.
Sua área foi delimitada em 1977, mas apenas em 1998 sua criação foi consolidada com a Lei Distrital nº 1.826. A unidade visa garantir a preservação dos ecossistemas remanescentes; promover a recuperação de áreas degradadas com espécies vegetais nativas da região e proporcionar à população condições para a realização de atividades culturais, educativas e de lazer em contato com a natureza.
Dentro da área do parque, com um total de 344,95 hectares, existe uma mata com importante diversidade florística, onde já foram encontradas 51 espécies arbóreas, 72 espécies de orquídeas e 59 espécies de arbustos e ervas, incluindo espécies raras e quase extintas. A unidade possui ainda sede, um orquidário, trilhas para a realização de caminhadas ecológicas, pontos de encontros comunitários (PEC), parquinho infantil, quadras poliesportivas e pista de cooper.
Ezechias Heringer (1905-1987)
Ambientalista e patrono do Parque do Guará, Ezechias Heringer nasceu na cidade de Manhuaçu, Minas Gerais. Graduou-se como Engenheiro Agrônomo, em 1938, pela Escola Superior de Agricultura de Lavras (MG) e no ano seguinte recebeu o título na área de Silvicultura no Rollins College, Flórida (EUA).
Chegou a Brasília no ano de 1960, a convite do presidente Juscelino Kubitschek. Foi pioneiro no estudo do cerrado e suas orquídeas. Uma das áreas que Heringer mais estudou foi a do Parque do Guará.
Em Brasília, trabalhou na implantação do Parque Zoobotânico de Brasília e atuou como professor e diretor da Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília (UnB), sendo fundador do Curso de Agronomia. Por esta instituição foi agraciado com o título de Professor Emérito. Recebeu também a medalha Dom Pedro pelo Governo Federal. Em 1964 doou seu herbário particular para a UnB.
Heringer criou uma área experimental para o ensino de Biologia Básica, a Estação Experimental da UnB. Foi o executor do primeiro convênio florestal, entre o Ministério da Agricultura e a Novacap, propondo a criação do Parque Nacional de Brasília. Ajudou na criação da Reserva Biológica das Águas Emendadas, Estação Experimental de Agricultura Cabeça de Veado e o Parque Municipal do Gama. E teve inúmeros trabalhos publicados.
Administração Regional do Guará
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